terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A Bahia e o Cinema Novo

Desde que conheci a arte de Glauber Rocha me senti atraído pela cultura baiana (pela comida eu já havia sido fisgado há tempos). Digo isso porque finalmente consegui assistir 'Destino: Salvador' – episódio 1 "Fátima", e ainda consegui emendar com 'Cinema Novo', documentário de Eryk Rocha que ganhou o "Olho de Ouro" em 2016.


Dirigido por Fabio Mendonça, 'Destino: Salvador' segue a receita das duas primeiras temporadas da série, trazendo crônicas de estrangeiros que encontram em Salvador sua moradia. Nesse primeiro episódio, temos Manoel, um português que administra um antigo Hotel na cidade. Após a morte de sua esposa, ele reencontra o filho com quem não nutria um bom relacionamento, que continuaria assim se não fosse a sua falecida mulher o assombrar. Além de retratar a dificuldade que Manoel tem em encarar o falecimento da esposa e o retorno do filho, ainda conta com alguma cenas cômicas, como quando o padre vai benzer o hotel onde ele trabalha. Espero conseguir acompanhar todos os seis episódios, que foram produzidos pela 02 Filmes.


Já o documentário de Eryk Rocha traz relatos sobre o Cinema Novo, uma das maiores revoluções cinematográficas da América Latina, que ocorreu entre os anos 1960 e 1970. A produção traz depoimentos de Glauber Rocha, Nelson Pereira do Santos, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Walter Lima Jr. e Paulo César Saraceni, nomes que começaram uma nova forma de fazer cinema para aproximar a arte do povo, além de expor suas ideias e ideais políticos e sociais do que acontecia no Brasil na época.

Além disso, vemos uma colagem de filmes que se consagraram na época em que foram lançados e hoje são clássicos do cinema nacional. Pretendo voltar a escrever sobre o assunto em breve, assim que acabar algumas pesquisas e, claro, assistir muitos outros filmes que fizeram parte do movimento.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

O Estado das Coisas (Brad's Status, 2017)



Nunca fui muito fã do Ben Stiller, isso porque não gosto muito de comédia. Porém, depois de ‘A Vida Secreta de Walter Mitty’ – que ainda acho um dos melhores filmes que vi em 2013 – tive uma nova visão sobre ele. O novo personagem de Stiller traz um pouco de Mitty, dando um ar já conhecido a O Estado das Coisas (2017), que conta com direção e roteiro de Mike White.

Brad Sloan beira aos 50 anos, seu trabalho é ajudar ONGs a ganharem mais patrocínio em seus projetos, nada que renda muito dinheiro para ele, mas faz parte de um círculo social elevado em Sacramento, Califórnia. Mas sua nova missão é levar seu filho em universidades renomadas para a entrevista de ingressão. Todo esse processo o leva de volta ao seu tempo de faculdade, quando era jovem e pensava em mudar o mundo, e o faz questionar sobre sua situação atual, que o faz se sentir inferior aos seus antigos colegas de faculdade.

Muitas pessoas enfrentam em determinados momentos da vida o que chamamos de crise de idade, geralmente por volta dos 40 anos. Partindo dessa ideia, o diretor e Mike White (que também faz o papel de um dos amigos de Brad) monta uma história que no começo pode parecer cansativa, mas com o desenrolar das coisas fica cada vez mais atraente. Ben Stiller, lembrando muito de Walter Mitty, como disse anteriormente, mas faltou um pouco mais ali, algo que deixasse o personagem mais natural. Mas o personagem é bem construído, daí vem toda a atração do filme.

O Estado das Coisas reúne alguns clichês, o relacionamento entre pai e filho, a monotonia de um casamento de alguns anos e a insatisfação profissional/social, mas seu ponto mais interessante é esse panorama de gerações. Brad acompanhar seu filho nas entrevistas para a faculdade traz uma nostalgia um tanto perigosa, as lembranças da vida no campus, bares e amigos faz com que o passado pareça muito mais glorioso do que qualquer promessa para o futuro.

Embora na minha opinião tenha faltado alguma coisa, talvez um detalhe, para que o personagem de Ben Stiller alcançasse um nível mais alto, O Estado das Coisas é um filme bem interessante, que nos mostra o lado bom e o ruim de uma crise de idade e nos faz perceber que tudo o que temos hoje, é aquilo que fomos atrás de conquistar nos dias passado. White nos entrega um bom filme, que certamente merece ser apreciado com devida atenção.