quinta-feira, 29 de março de 2018

Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94 (2015)


Houve uma época em que o rock nacional era grande destaque entre os jovens brasileiros, entre as décadas de 1980 e 1990 bandas como Titãs, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e tantas outras ganhavam uma massa de fãs a cada dia. Quem, assim como eu, nasceu nos anos 90 herdou um pouco disso dos pais, e tem aquela vontade de, ao menos, ter nascido dez anos antes.

Com a recente morte de um dos grandes produtores musicais do Brasil, Carlos Miranda, o Canal Brasil, em sua homenagem, colocou mais uma vez em sua programação o documentário Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94, contando a história de uma das maiores, senão a maior, produtora idependente que o país já teve.

Dirigido por Ricardo Alexandre, o documentário mostra o inicio de muitas bandas nacionais, algumas atingindo grande sucesso, outras que não foram tão bem asssim e, infelizmente, cairam no esquecimento. A produtora Banguela Records era dirigida pelo Titãs (mais por Nando Reis e Charles Gavin, ambos dão depoimentos no doc) e Miranda. Foi dali que saiu a banda Raimundos, que possui uma história bem interessante com a produtora, Nação Zumbi, Pato Fu, Planet Hemp, e outras bandas como Mundo Livre S/A e Little Quail, que não alcançaram o mesmo sucesso.

Mas além de todo esse processo de descobrimento, Ricardo Alexandre nos mostra o declinio do rock nacional e, até mesmo, da industria fonografica. A ideia de Miranda e o Titãs era trazer novas bandas ao cenário nacional, mas quando o dinheiro entrou na jogada, as coisas ficaram dificeis. Outro fator prejudicial foi a pirataria, como relata Dado Villa-Lobos (Legião Urbana), não era facíl competir com um CD pirata, que era comercializado a dois reais.

Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94 é um ótimo documentário para quem viveu aquela época, mas não deixa os mais novos de fora, com depoimentos de artistas famosos que estavam lá, fazendo as coisas acontecerem, o doc é um grande atrativo para os curiosos que ainda buscam ouvir o bom e velho rock'n roll por aí.

segunda-feira, 26 de março de 2018

Familia Rodante (2005)


Dizem que quanto maior a família, maiores são os problemas. Isso é fato, aqueles que têm uma família grande podem confirma a qualquer um. Mas também são capazes de dizer que não saberiam viver de outra forma. É isso que Pablo Trapero (mesmo diretor de Elefante Branco) nos entrega em Familia Rodante, uma história de amor, companherismo, fidelidade e muita confusão.

No filme indenficamos fácilmente a posição de cada um, reunidos pela matriarca para uma viagem saindo de Buenos Aires e indo até uma cidade que faz fronteira com o Brasil. A viagem é longa e juntar tanta gente em um pequeno trailer não é uma terefa fácil, se de longe já é difícil lidar com as diferenças, ali, em um lugar apertado, é preciso aprender a aturar cada uma delas, ou ceder a loucura.

Mas não é só de comédia que a viagem segue, a forma como Trapero filma, com a câmera tão próxima de personagens e objetos, nos sentimos como parte da família e notamos, aos poucos, cada angustia de alguns personagens. Algumas delas se encaixam perfeitamente em situações que alguns de nós já vivemos, outras, mais intensas, que temos medo de chegar a viver. 

Mas como sempre, no final quase tudo dá certo, chegam ao seu destino e, para nós, só resta imaginar como foi a voltar. Em Familia Rodante, terceiro longa de Trapero (lançado no já distante 2005), vemos que os problemas familiares não são exclusivos de alguma pessoa, são tão comuns que o diretor pôde retratar com um simplicidade desconcertante, levando-nos a uma reflexão do que é viver dentro de uma família tão grande e como é bom ter alguém para manter a liga, fazer com que todos, sempre que precisarem, sintam-se unidos. 


terça-feira, 20 de março de 2018

Laura (2016)


Hoje vi uma imagem engraçada no stories, nela um rapaz convidava uma desconhecida para sair e, pensando nos riscos que ambos corriam, propôs que cada um levasse uma faca, como garantia. É engraçado, mas se pararmos para pensar um pouco no caso, se encaixa perfeitamente a realidade.

Mas como aqui eu falo sobre filmes, vamos lá. Como se ja fosse planejado, assisti no Canal Brasil (enquanto esperava o jogo começar) Laura, filme produzido em Londrina, com direção de Jonathan Murphy e com Priscila Sol no papel principal.

Laura é uma jovem solitária que vive um relacionamento amoroso com seu cunhado, Ben (Eucir de Souza), mas quando ele decide acabar com tudo, ela não consegue lidar com a situação. Buscando um jeito de esquecer tudo, ela conhece Noah (Yoram Blaschkauer) em uma rede social. Noah começa a perseguí-la dizendo que está apaixonado, então Laura usa esse amor para tentar voltar com Ben.

Laura não é uma grande produção, embora a fotografia seja ótima (méritos a Hugo Takeuchi), a forma como ele é rodado, com cenas onde os personagens não contracenam dá o aspecto de solidão que transborda da vida de Laura, mas distancia um pouco o espectador que não está acostumado com esse tipo de cinema. Jonathan Murphy escolhe uma forma diferente, mas que não é ruim, tanto que Priscila Sol recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema Independente da Lituânia e a produção recebeu boas críticas fora do Brasil.

Mas o que mais prendeu minha atenção foi o tema, algo corriqueiro no dia a dia de muitas pessoas que não estão participando de um filme, mas sim vivendo a cena real. Como saber quando confiar em alguém que conhecemos pelas redes sociais e como lidar com isso, talvez nunca vamos saber ao certo, já que, como já disse Raul: "Cada um de nós é um universo".


quinta-feira, 15 de março de 2018

O Massacre em Guernica (Gernika, 2016)


Guernica ficou famosa pelas mãos de Picasso, sendo um dos quadros mais importantes do pintor, e o mais importante do cubismo. O Massacre de Guernica (Gernika, 2016) mostra (com um pouco de romance, montanto um plano de fundo) o desastre que inspirou Picasso em sua obra, que assim como no filme, expõe os efeitos da guerra em uma população.

Dirigido por Koldo Serra, diretor basco, que começou a coletar informações sobre o ocorrido em 2012. Depois, com relatos de sobreviventes, o diretor conta o que viveu o jornalista George Steer, que cobria a Guerra Civil Espanhola, quando os alemães bombardiaram o País Basco. Os relatos de Steer mostram não só as atrocidades da guerra, mas também a importancia da midia para que a situação de locais, muitas vezes explorados, sejam visto pelo mundo.

No filme, George Steer recebe o nome de Henry (e é interpretado por James D'Arcy), um jornalista sensacionalista, que busca criar grandes artigos, sendo eles embasados na verdade ou não. Conhece Teresa, uma funcionária do gabinete de imprensa dos Republicanos do Norte, interpretada pela atriz espanhola María Valverde. Em primeiro momento, os dois entram em conflito devido as atitudes de Henry, mas em poucos dias surge um romance que nos leva a passear por um cenário de guerra, pobreza e descaso.

Embora Steer fosse inglês, Henry é um americano, isso porque trazendo O Massacre de Guernica para mais perto da história de seu povo, Koldo quis dar um novo aspecto ao personagem, deixando o jornalista mais próximo do que ele pretendia apresentar. Essa mudança não influencia muito no decorrer do filme, é montado um romance para dar um tom mais leve ao filme e entregar o clichê que ganha as telas em praticamente todas as produções.

Esse não é o primeiro filme que busca ir além do entretenimento e mostra a realidade vivida por uma população (temos como bons exemplos os filmes Repórteres de Guerra e 5 Dias de Guerra) e a importância do jornalismo em meio a tudo isso, ainda não ficou para trás, hoje vemos nos noticiários todos os horrores causados por guerras onde a maioria das pessoas que sofrem não escolheram lutá-las, e, pessoalmente, gostariam que todas essas noticias fossem apenas mais um filme.