quarta-feira, 25 de julho de 2018

Berlin: Esquina Schörnhauser (Berlin: Ecke Schörnhauser, 1957)


Berlin: Esquina Schönhauser abriu a mostra "Imagens para o Futuro: a Alemanha Oriental no Cinema", no CCSP. A mostra exibi filmes produzidos pelo estúdio DEFA, que entre 1946 e 1990 realizou mais de 800 produções, sendo longa-metragens, curtas e documentários. O filme em questão foi lançado em 1957 e tem direção de Gerhard Klein.

Em uma esquina de uma Alemanha pós guerra se reúne um grupo de jovens rebeldes (suas ações podem parecer bobas e até cômicas comparadas ao que vemos hoje, mas levando em consideração a época e a situação do país, a vadiagem já era algo muito grave). Entre os jovens um quarteto ganha destaque, formado por Kohler, que através da força bruta é obrigado a entrar na linha por seu padrasto; Ângela, que se uniu ao grupo porque tinha que sair de casa enquanto sua mãe dedicava sua atenção ao amante; Dieter, talvez o mais responsável de todos (e o personagem principal), trabalha em uma obra, mas vi nele um jovem perdido, tentando achar o seu lugar; e por fim, Karl-Heinz, esse possui mais regalias que todos os outros juntos, mas vive entre um trambique ou outro, para ganhar uma grana extra.

As aventuras sempre começam com Dieter esperando Ângela para que possam encontrar o resto da turma, isso faz com que os dois comecem a ter uma relação mais próxima. Depois de uma noite de dança, toda a tranquilidade do grupo vai para o ralo e começa uma série de desventuras que colocam em cheque o relacionamento de todos eles.

O filme é curto, cerca de 80 minutos, e simples, se eu falar mais sobre ele estaria entregando toda a história. Mas posso garantir que vale a pena assistir, um filme rápido e que não exige muito do espectador, uma ótima opção para relaxar. Porém, em alguns momentos, alguns closes em Dieter, vi um pouco de Antoine Doinel (protagonista de 'Os Incompreendidos', 1959) no rapaz, talvez seja só uma falsa impressão, ou essa percepção que os diretores mostravam em seus filmes a busca de identidade de jovens que habitavam países em crise.

domingo, 15 de julho de 2018

Pagliacci (2018)


Esse final de semana fiz uma trinca circense. Comecei por 'Noites de Circo' (1953), no sábado, comemorando os 100 anos de Bergman! E hoje assisti 'O Palhaço' (2011), após adiantar uma entrevista com Selton Mello e Larissa Manoela, que ainda não havia assistido. Por fim conferi no É Tudo Verdade, do Canal Brasil, o doc Pagliacci, que tem como base o espetáculo de mesmo nome da Cia LaMínima, que completou 20 anos.

As três produções trazem em comum a busca do palhaço, e até mesmo de outros artistas circenses, pela renovação, uma nova forma de atrair o público e a satisfação pessoal. A vida intinerante leva os personagens a alguns problemas - a dificuldade de chegar aos lugares e conseguir o que precisam para dar continuidade ao trabalho - e conflitos internos, como a indagação sobre o que está fazendo, se está seguindo o caminho certo ou se o seu papel é só algo imposto a ele.

Em Pagliacci tudo isso fica mais visível, nele recebemos algo mais cru, facil de assimilar. Vemos os bastidores, um verdadeiro "por trás da lona", mostrando como o espetáculo é criado. Como as coisas difíceis, como erguer o picadeiro, viajar de uma cidade a outra e outras adversidades, se tornam pequenas perto do que é feito com amor. Buscando primeiro, em cada ensaio, a cada espetáculo, o próprio riso, para depois passá-lo adiante, como é dito por um dos personagens (que agora não me lembro o nome) "seja o jardineiro da sua arte, não o arquiteto, porque o jardineiro cultiva sua arte". 

O documentário, dirigido por Chico Gomes, Júlio Hey, Pedro Moscalcoff, Luiz Villaça e Luiza Villaça é narrado de forma poética e divertida, correndo entre bastidores, cenas do espetáculo e depoimentos dos artistas, que têm um único objetivo: nos fazem sentir aquelas sensações que nos são privadas no corriqueiro dia a dia.