sexta-feira, 31 de julho de 2020
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Fotocópia (Photocopy, 2017)
Mostra de Cinema Egípcio - Podemos dizer que Fotocópia é um filme de sutilezas. Escrito por Haitham Dabbour e dirigido por Tamer Ashry, o longa aborda um tema pouco explorado no cinema egípcio, e que também não se vê muito no cinema mundial de hoje. A simplicidade com que a história é trabalhada acaba por ser tornar um dos destaques do longa, usando algum toque de comédia em cima do drama de personagens singulares, mas que precisam dividir seus problemas entre si.
Dono de uma loja de fotocópias, Mahmoud é um aposentado que outrora trabalhava em uma redação, redigindo os textos escritos a mão por jornalistas. Durante todas a história, Mahmoud vive a descoberta do novo, mesmo quando o novo já não é tão novo assim, como no caso da extinção dos dinossauros. Além disso, ele também empenha o papel de uma conquistador, ousado, que procura em um romance com uma das moradoras do prédio onde tem a loja reviver o lado bom da vida.
Em certos aspectos, Fotocópia lembra a época do neorrealismo italiano, explorando o existencialismo de maneira sutil. As doses de comédia que aparecem hora ou outra dá ainda mais personalidade a narrativa, mostrando a reinvenção que os personagens fazem deles mesmos.
A Mostra de Cinema Egípcio segue com surpresas boas. Superando qualquer sinopse encontrado sobre os filmes, as histórias mostram o que há de melhor no país, com simplicidade, mas muito carisma e sagacidade.
quarta-feira, 29 de julho de 2020
Para Onde Foi Ramsés? (Where Did Ramses Go?, 2019)
Mostra de Cinema Egípcio - Escrito e Dirigido pelo egípcio Amr Bayoumi, Para Onde Foi Ramsés é um documentário essencial sobre um dos maiores, tanto em tamanho, quanto em significado, da Cidade do Cairo. Porém, não se trata apenas de uma viagem histórica, mas sim um resgate intimista da importância e referência que a estátua de Ramsés II teve em sua vida até 2006, quando foi realocada para o museu da cidade.
Durante entrevista na abertura da Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo, promovido pelo CCBB, Bayoumi afirma que, ainda em 2006, durante a realocação da estátua foram filmadas mais de três horas de operação. Por que então o filme só seria lançado treze anos depois? O maior problema em sua produção seria como abordar o tema. Vendo a ideia inicial, onde o diretor contaria a história a partir do ponto de vista da estátua, podemos dizer que valeu a pena esperar todo esse tempo, já que o roteiro final nos traz a história e uma perspectiva pessoal que começa na década de 1950.
Mas o filme não procura responder literalmente o título, o paradeiro da estátua fica claro desde o começo. A pergunta a ser respondida vem das lembranças da época em que Ramsés II estava no centro de uma praça, onde as ruas distribuiam pessoas para outros cantos da cidade. Aproveitando manchetes de jornais, fotos e gravações antigas, vemos a sucessivas mudanças pela qual o Egito passou desde 1950, seu jogo político até a revolta de 2011, que muitas vezes toma o protagonismo do documentário.
Em seu país, Para Onde Foi Ramsés? recebeu grande atenção de crítica e público, participando de festivais notáveis. Já aqui no Brasil, pouco ouviu-se sobre o longa e pode ser que essa mostra promovida pelo CCBB uma das únicas oportunidades para assistí-lo. E garante que aqueles que o fizerem, não irão se arrepender. A história contada por Bayoumi vai além de qualquer coisa que possa ser pesquisada em livros e internet, é uma narrativa não apenas de Ramsés ou do Egito, mas também de toda sua vivência no Cairo.
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