segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Joana D'arc Egípcia (Egyptian Jeanne D'arc, 2016)

 

Mostra de Cinema Egípcio - O quanto é possível descobrir sobre uma pessoa lendo seu diário? Em Joana D'arc Egípcia, é possível dizer que muito mais do que muitos que a conheceram e fizeram parte de sua vida pessoal. O documentário da diretora Iman Kamel levanta suspeitas, com uma narração em inglês até parece que será algo genérico diante da cultura e do social do Egito, mas logo entendemos a necessidade da opção linguística, é o alcance que a história de Jeanne precisa ter. Por sua vez, Jeanne se trata de uma beduína que procura, através das artes visuais, transcender e encontrar seu lugar em meio a revolução egípcia no início dos novos anos 2010.


Jeanne deixou sua tribo em busca de novas descobertas. Sua paixão era a dança e através dela conheceu pessoas, momentos e formas de expressão que outrora não seria capaz. Além do diário, Kamel conta essa história através de entrevistas com nomes que estão presentes no que é descrito por Jeanne. São mulheres que passaram e marcaram sua vida, a maioria estando ao seu lado na revolução de 2011. Nisso, é interessante ver o desenvolvimento dessas mulheres e a importância daquilo que fizeram na revolução. 


Muitas vezes o que é descrito no diário parece poesia. E é uma das passagens mais bonitas que nos deixam desolados. Jeanne é presa em 2011, na prisão, assim como aconteceu no Brasil a partir dos anos 1960, ela foi torturada e abusada física e psicologicamente, porém, seu espírito não foi quebrado. Mesmo diantes de uma situação tão aterradora, é bonito ver como ela aparentemente segue em frente, sempre buscando refúgio na arte, no seu caso, na dança.


Além dessa biografia de Jeanne, muito bem dirigida por Kamel, Joana D'arc Egípcia nos mostra o poder do feminismo em uma sociedade tão conservadora. Como está sendo possível ver em outros filmes da mostra, as mulher egípcia vive uma época de transição, que é demorada, mas está acontecendo. Com tantas mulheres (peço licença a palavra) empoderadas em um único filme, percebemos que aquilo que fizeram há 9 anos foi de extrema importância para que essa mudança no comportamento social acontecesse. Este é um documentário que deveria atravessar continentes e espero que a cada dia chegue a mais e mais pessoas.

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