sábado, 20 de abril de 2019

Ex-Pajé (2018)



Logo no início somos alertados para o etnocídio, que consiste na destruição da civilização ou cultura de uma etnia por outro grupo étnico. Diante de todas as adversidades que vemos o povo indígena enfrentar nos dias de hoje, Ex-Pajé trabalha esse aspecto, onde um ex-pajé é sucumbido pela igreja evangélica. Escrito e dirigido por Luiz Bolognesi, o filme nos mostra um pouco da cultura indígena e sua necessidade para o povo.

Perpera, hoje usando roupas sociais e atuando como zelador de uma igreja evangélica, já foi pajé na tribo Paiter Suruí, em Rondônia. Durante todo o filme, que traz uma mistura de documentário com pouca ficção, ele relembra a importância dos espíritos da natureza para o bem estar da tribo, e como é perigoso andar contra isso. Embora toda a tribo tenha aceitado a nova religião, quando necessário apelam para os espíritos da natureza e vêm sua magia dar resultados.

Bolognesi foi responsável por ficções premiadas, como 'Bingo: O Rei das Manhãs' e 'Como os Nossos Pais". Mas é um ex-estudante de antropologia, fato que o ajudou muito nessa produção. Sua primeira ideia era criar uma série, em 2015, mas mudou assim que soube sobre a situação da tribo em relação ao pajé. O ponto abordado pelo diretor é interessante, mostra a necessidade de uma tribo em ter seu pajé e como é injustamente privada disso, por uma cultura invasora que ameaça a tribo através de um terror psicológico.

Sempre gosto de lembrar que o papel do Cinema vai além do entretenimento. Hoje vemos muitos filmes, alguns documentais e outros pura ficção, que mostram a realidade de tribos indígenas que não vemos na TV, e atuam no cenário cinematográfico como uma denuncia ao que vem acontecendo. O longa de Luiz Bolognesi mostra sua importância, nos alertando para o que está acontecendo e o quanto isso pode prejudicar uma comunidade nativa. No ano passado, Ex-Pajé recebeu o prêmio Abraccine no festival É Tudo Verdade, o que lhe garantiu mais visibilidade e fôlego para essa luta que não podemos deixar passar despercebida.

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