sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Kings: Los Angeles em Chamas (Kings, 2017)


O ano de 1991 foi turbulento no EUA. Após ser acusado de dirigir em alta velocidade, Rodney King é espancado por policiais. Durante toda a investigação, negros viam uma injustiça sendo orquestrada e mesmo com gravações que provem o abuso policial, os envolvidos são declarados inocentes. O EUA entra em chamas. É a partir desse acontecimento real que a diretora turca Deniz Gamze Ergüven estreia no cinema norte americano com Kings: Los Angeles em Chamas, transformando aquele ano em um drama cinematográfico, que por vezes se perde entre seus personagens, mas nos entrega um bom ensaio sobre os princípios do Homem.

Ergüven traz personagens interessantes. Millie (Halle Berry) é uma mulher que leva crianças negras de seu bairro para sua casa, quando elas não têm onde ficar. Jesse (Lamar Johnson) é um desses garotos, o que mais ajuda Millie a cuidar das crianças e vive permeando entre o certo e o errado, em uma constante briga com sua consciência. Com a chegada de William (Kaalan Walker), um garoto mais velho já acostumado com a vida nas ruas, e com o caso de King ganhando repercussão pelo país, as coisas prometem mudar. Millie se desdobra para cuidar das crianças, William decide se virar com elas, enquanto Jesse segue no embalo. Nesse meio tempo ainda surgem a garota encrenqueira Nicole (Rachel Hilson) e o excêntrico vizinho Obie (Daniel Craig), que dão mais personalidade a produção.

Porém, tantas personalidades deixam Kings com uma história um pouco bagunçada. A falta de profundidade boa personagens faz com que tudo aconteça rápido demais e isso atrapalha na imersão do espectador. Alguns personagens, como no caso de Daniel Craig, são colocados na narrativa com a intenção de dar uma dramaticidade mais pessoal. Mas no fim faz com que a produção de Ergüven perca seu aspecto crítico e fique perdido entre uma cena e outra.

Kings: Los Angeles em Chamas traz uma história de grande potencial, mas que não foi bem aproveitada pela diretora. A produção poderia facilmente ser dividida em duas histórias, a de Rodney King e o que seu espancamento acarretou na Los Angeles de 1991, e a história de Millie, mostrando a situação de crianças negras que viviam (e ainda vivem) pelas ruas em um país que se denomina o mais desenvolvido. Seriam dois ótimos filmes onde Ergüven poderia explorar mais seus personagens sem perder a essência de sua história.

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