quarta-feira, 25 de março de 2020

O Batedor de Carteiras (Pickpocket, 1959)


Robert Bresson começa com um resumo do que é O Batedor de Carteiras, filme que se destaca entre sua filmografia por ser uma produção autoral e de baixo orçamento, digna do Nouvelle Vague que vinha ganhando espaço na época. Michael (Martin LaSalle) é o batedor em questão e em seu primeiro furto, já vai logo preso, mas por falta de provas é liberado pela polícia. Depois disso começa uma busca incessante por novas vítimas, situação se agrava com a morte de sua mãe e mesmo sendo vigiado pela polícia, Michael segue com seus furtos. Em alguns dias consegue uma boa quantia em dinheiro, em outros não ganha nada e é quase pego, mas o furto de carteiras e relógios passa a ser mais que uma necessidade, como uma mania, uma doença.

Nesse tempo vemos outros personagens em ação. Seu amigo Jacques (Pierre Leymarie) e Jeanne (Marika Green), uma moça que cuidou de sua mãe em seus últimos dias. Eles são opostos a Michael, enquanto Jacques suspeita de suas atividades e busca fazer com que o amigo pare com os furtos, Jeanne desperta um sentimento mútuo entre eles, que se camufla em meio a essa mania do protagonista.

Mas não existe ali um ápice do crime, um grande roubo meticulosamente planejado. Claro que dia após dia Michael treina sua habilidade com as mãos. Com o paletó em um cabide e  a própria carteira no bolso, treina seus métodos. Quando os roubos já não estão rendendo tanto, forma um grupo de furtadores, que em determinado dia fazem inúmeros roubos no terminal de trem. Mas é preciso partir, a polícia está na cola, cada vez mais perto de efetuar sua prisão. Então Michael deixa Paris rumo à Milão, depois Roma e por esses lugares continua suas atividades, mas volta sem nenhum tostão.

Narrado em primeira pessoa, pelo próprio Martin LaSalle, não traz uma história grandiosa ou uma produção ousada. Como era de se esperar devido sua época, O Batedor de Carteiras é uma produção modesta que ganhou destaque devido a visão autoral que Bresson dá ao trabalho. O grande destaque é a condução da história, que é mostrada por Bresson através imagens focadas no semblante angustiado de Michel, que no fim, quando vai preso, finalmente percebe que escolheu o caminho mais tortuoso para alcançar o que queria.

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