sexta-feira, 27 de março de 2020

Rocha Que Voa (2002)


É Tudo Verdade - A humanidade se encontra em um momento sombrio, talvez a maior dificuldade que enfrentamos nos últimos anos. A quarentena deixou os filmes pós apocalípticos e veio fazer parte do nosso dia-a-dia. Nasce o medo e o desespero, a incerteza. Mas ainda precisamos da arte, como foi dito por Fernanda Montenegro em seu Instagram recentemente "sem arte não se vive". Por isso muitas plataformas de streaming, diretores, produtores e distribuidoras decidiram disponibilizar filmes para quem está em casa. O Festival É Tudo Verdade seguiu o mesmo caminho, mesmo optando por adiantar a exibição de filmes mais "frescos" para setembro, fez uma seleção de produções que irão fazer parte do festival e disponibilizou de forma gratuita para aqueles que desejam assistir. O filmes podem ser vistos através do Itaú Cultural e SPcine Play.

Para começar, escolhi um documentário que permeia por esse caminho, a importância da arte em momentos difíceis. Rocha Que Voa, do diretor Eryk Rocha, traz reflexões de um dos maiores realizadores do século 20, Glauber Rocha. O documentário reúne ideias e declarações de Glauber durante sua passagem por Cuba. O cineasta compara o Cinema Novo, do qual foi um dos precursores, com o cinema de Cuba, ali pelos anos 70. Todas a declarações trazem um cunho político e mostra a importância da arte nessa briga social e cultural, que não é muito diferente do que vivemos hoje.

Criando uma compilação de imagens gravadas nos anos 70, Eryk utiliza filtros que colocam o passado e futuro em uma conversa a ser lapidada. A ideia era de unir todo o cinema latino americano em uma única busca, a liberdade. Hoje ainda encontramos esse desejo em cineastas contemporânea, onde produções desse lado da América ganham cada vez mais destaque lá fora e apoio de dentro de casa. 

Rocha Que Voa traz a ideia que Glauber Rocha sempre demonstrou sobre o que, ao seu ver, é cinema. Através da estética escolhida por Eryk, que dá uma apimentada nas declarações, vemos o amor pelo cinema e pela política. Embora os dois pareçam dispares, Glauber enxerga o quanto um poderia apoiar o outro e com isso trabalha em uníssono para que a arte possa demonstrar ao espectador aquilo que muitos procuram esconder. Tudo o que é dito em Rocha Que Voa foi importante nos anos 70, para o cinema chegar ao é hoje. Também foi necessário em 2002, para o novo enxergar o os anseios passado. Hoje, é preciso, pois talvez o Brasil viva sua maior batalha entre política e cultura.

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