segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Guerra Fria (Zimna Wojna, 2018)


MOSTRA SP - Sempre que o assunto é Guerra Fria, o primeiro filme que me vem a cabeça é A Cortina de Ferro (The Iron Curtain, William Wellman, 1948). O mote é aquele clássico jogo de espionagem encontrado em filmes que seguem essa história. Mas o diretor e roteirista Pawel Pawlikowski muda esse conceito e constrói em Guerra Fria, um romance capaz de resistir as atrocidades sociais de uma guerra que nunca acabou.

No filme, o músico polonês Wiktor (Tomasz Kot) busca novos talentos de seu país para representar músicas do campo. Um desses talentos é Zula (Joanna Kulig), jovem aspirante a cantora e nova paixão de Wiktor. Então o filme segue durante quinze anos de encontros e desencontros dos personagens, com um leve panorama da Guerra Fria na década de 1960.

A estética do filme é interessante. Todo em preto e branco e a tela em 4:3 ao invés do widescreen. Em 2015 o diretor já havia trabalhado com algo do tipo, em Ida, filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Mas o que mais me chamou a atenção é como ele usa a música, que é parte central do filme, para contar a passagem do tempo. E em cada cena, por hora enquadrando um personagem e, em outros momentos, mostrando a sua solidão em meio a tanta gente, a direção de Pawlikowski beira a perfeição.

Embora Guerra Fria não demonstre muito todo o conflito que acontecia fora do relacionamento dos protagonista, há ali algumas abordagens stalinistas e repressivas. Diante de um romance que também parece com a guerra que corre mundo afora, caminhamos por cenários depressivos, mas de uma estética admirável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário