sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A Voz do Silêncio (2018)


MOSTRA SP - O diretor André Ristum traz uma proposta simples em A Voz do Silêncio. Tendo como cenário a cidade de São Paulo, explorando toda sua forma caótica, vemos toda a solidão que uma cidade grande pode impor a seus habitantes. A família de Ristum foi amiga de Glauber Rocha e durante um tempo ele próprio trabalhou com Bertolucci, mas ainda assim seu filme traz um estética sua, se arriscando para mostrar a intensidade de seus personagens em cada cena.

A Voz do Silêncio conta a história de personagens que vivem a margem da cidade. Existe ali o desesperado causado pelo imediatismo, a monotonia e as dificuldades financeiras de quem luta para sobreviver em um ambiente de oportunidades limitadas, não adianta a vontade. Uma hora ou outra os personagens acabam se encontrando, como uma teia que coloca todos eles no "mesmo barco". Esse barco oscila, mas não afunda, entre tantas desventuras eles vão descobrindo suas dificuldades, reconhecendo seus defeitos e procurando supera-los, ou ao menos conviver em harmonia com eles.

Embora seu tempo em cena seja curto, ver Marieta Severo na tela é um atração a mais. Embora não detenha todo o protagonismo que certamente merecia, assume seu papel como pouco saberiam fazer. Pode ser que apareça pouco, mas sempre que isso acontece, ela deixa marcado em nossas cabeças toda a excentricidade de sua personagem, uma senhora que depois de se perder em meio a corriqueira São Paulo, se perde dentro de sua própria cabeça.

Gostei de A Voz do Silêncio. O proposta do filme é simples, mas explorada com uma dramaticidade tão intensa que ao final, em uma plano sequência de mestre, já não estamos esperando o fechamento de tantas histórias. Ficaríamos ali, sentados na cadeira do cinema por mais algumas horas, apreciando a monotonia que se encaixa no nosso dia a dia com tanta facilidade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário