sábado, 22 de junho de 2019

Glauber o Filme, Labirinto do Brasil (2003)


Como começar a falar de uma pessoa tão polêmica como foi o Mestre Glauber Rocha? Como apresentá-lo para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ver seu trabalho? Sempre penso nisso quando entro em uma discussão sobre o cinema nacional. O diretor Silvio Tendler traz as respostas com o documentário Glauber o Filme, Labirinto do Brasil, que decorre com toda a excentricidade do diretor e depoimentos emocionantes de quem esteve ao seu lado durante toda sua carreira.

Existem muitas coisas escritas sobre Glauber Rocha (para quem estiver disposto indico A Primavera do Dragão, de Nelson Motta, e Glauber - O Leão de Veneza, de Pedro Del Pichia e Virginia Murano). Mas nada melhor que um documentário, que mesmo curto (com cerca de 90 minutos), revela muito de um cineasta amado e odiado em proporções semelhantes. Outra coisa boa desse documentário é ver pessoas que trabalharam com Glauber em depoimentos engraçados e emocionantes. Nomes como Darcy Ribeiro, Hugo Carvana, João Ubaldo Ribeiro, Cacá Diegues, Manduka e Jards Macalé prestam sua homenagem.

A importância de Glauber Rocha para o Brasil é vista logo no inicio do doc. Seu velório e enterro reúnem uma grande quantidade de amigos, familiares e fãs no Parque Lage e na Igreja São João Batista, no Rio de Janeiro. O ano era 1981, mas ainda quando Tendler entrevistava alguns dos personagens para o documentário, podia-se ver uma emoção presa na garganta, emoção que enche os olhos e tira a voz de Macalé em dado momento. Vê-se que esse era o Mestre Glauber, um personagem excêntrico, claro, mas inesquecível.

Com tanta controvérsia e "viagens", mesmo através de depoimentos é difícil de entender Glauber. Mas fica a certeza de que ele entendia sobre tudo o que falava e quando qualquer um que o ouvisse se colocasse a pensar, lhe daria total razão. Glauber o Filme, Labirinto do Brasil se mostra forte em seu papel emocional, mas Tendler peca nas transições entre um tema e outro, com uma computação gráfica feia e que foge da estética do documentário. Fora isso, temos presente a música clássica adorada por Glauber e toda a sua excentricidade, o que já vale muito a pena ver.

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