quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Morto Não Fala (2018)


Lembro de quando assisti A Mata Negra, do Aragão, no Festival de Vitória, em 2018. Gostei muito do que vi, o cinema de terror brasileiro em um rumo inimaginável. Depois vieram O Animal Cordial (de Gabriela Amaral Almeida), As Boas Maneiras (de Juliana Rojas e Marco Dutra), o recente O Clube dos Canibais (de Guto Parente) e alguns outros. Todos com suas particularidades, mas excelentes produções. Chegou a vez de Dennison Ramalho, que em Morto Não Fala, monta um thriller tenso e assustador.

Estênio (Daniel de Oliveira) trabalha no IML, uma atividade que muitos já acham assustadora. Seu trabalho consiste em auxiliar e garantir a limpeza dos corpos que chegam a sua sala. Pode ser que falar com os mortos seja algo comum no ramo, mas o filme foge da estatísticas reais quando o falecido responde. Embora pareça loucura, Estênio leva tudo na maior tranquilidade, como se fosse normal. Em casa é que acontece o pesadelo. Seus filhos em fase de pré adolescência dão trabalho para a esposa, Odete (Fabiula Nascimento), que por sua vez, repudia o marido.

É nesse cenário que Estênio se encontra quando um dos mortos revela que sua mulher o está traindo. Mas "palavra de morto é palavra de morte", quando Estênio toma uma atitude levando em consideração tudo o que os mortos já lhe disseram, ativa uma maldição irreversível. A partir desse momento o mundo do protagonista vira de ponta cabeça e o público recebe altas doses de tensão.

O que mais me motivou a ir ao cinema assistir Morto Não Fala foi a participação de Daniel de Oliveira. Gosto muito desse ator, acredito que seja um dos atores brasileiros mais completos. Também gosto muito de Fabiula Nascimento, não acreditei em como ela me fez odiar seu personagem nesse filme. Bianca Comparato possui uma atuação singela, aparece pouco, mas cumpre seu papel e dá muita ligação para a história. Mas quem mais me surpreendeu foi Dennison Ramalho. Conseguiu, em um gênero ainda tão pouco evoluído no país, uma bela produção, que filme lindo. 

Tudo ali conspira contra o espectador. O cenário, a câmera, o desenrolar da história. Embora alguns acontecimentos sejam bem sugestivos, Ramalho ainda consegue surpreender. Você sabe que as coisas vão acontecer, mas a forma como elas acontecem é que nos pega desprevenidos, tomando aqueles sustos inesperados. 

Sai do cinema ainda tenso, mas feliz por ver um filme de terror brasileiro com tamanha qualidade. Esse é um gênero que não costumo assistir, mas acredito que Morto Não Fala disputaria em pé de igualdade com qualquer filme internacional. Gostaria que ficasse um bom tempo em exibição, pois um filme de terror é sempre melhor visto no cinema e já estou incentivando muitos amigos a irem se assustar, assim como eu fiz.

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