terça-feira, 28 de agosto de 2018

Branco Sai, Preto Fica (2014)


Se pararmos para pensar, contar a realidade pode não ser um choque tão grande para o público. Talvez o maior choque fique por conta dos personagens, que precisam reviver aqueles momentos que, muitas vezes, prefeririam esquecer. Foi pensando nisso que Adirley Queirós mistura documentário e ficção científica em Branco Sai, Preto Fica.

O filme nos leva a três épocas diferentes, todas na Ceilândia, Brasília. Uma delas acontece em 2014, onde o personagem principal (e real) narra o que aconteceu em um baile Black em 1886. Uma intervenção policial influência drasticamente na vida dos personagens que estão no longa, a frase "branco sai, preto fica" mostra que os policiais não estavam agindo em prol da justiça, mas sim um preconceito que nos leva a realidade.

Já em um futuro distante, Adirley aposta no sci-fi. Em uma montagem interessante e levando em conta os recursos disponíveis, o direto faz um ótimo trabalho. Um personagens, à Exterminador do Futuro, volta no tempo para investigar o que aconteceu em 1986. Porém o que chama mais atenção nessa parte, é a forma como o futuro é mostrado. Uma Brasília dividida em classes, distopia da qual podemos estar nos aproximando.

A produção foi feita pelo coletivo CEICINE, criado pelo próprio Adirley. Os temas que o coletivo sempre busca mostrar estão presentes em Branco Sai, Preto Fica. Músicas que misturam rap, black e até forró a sons captados pela cidade. Essa mistura mostra a diversidade da Ceilândia.

Talvez a transição do real para a ficção incomode um pouco. Mas isso não tira os méritos de Branco Sai, Preto Fica, que conta uma história real bem amarrada. Tão pouco diminui a criatividade de Adirley Queirós, que explora elementos de sci-fi que são raros no nosso cinema. Por fim, Branco Sai, Preto Fica é um filme que causa um choque de realidade e criatividade.

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