Fui assistir Hannah sem compromisso algum. Pouco sabia sobre a história do filme, só precisava preencher o tempo até o início da sessão de O Animal Cordial. No fim, achei Hannah um filme de extremos, alguns acham muito bom, outros devaneiam durante a sessão e começam a conversar sobre aleatoriedades no cinema.
As coisas ficaram mais claras quando vi que a direção é assinada por Andrea Pallaoro, de quem eu já havia assistido Medeas (2013). O diretor busca mostrar experiências humanas, nem sempre agradáveis, através de seus personagens. Isso é o que vemos em Hannah, uma senhora solitária que administra seus dias entre aulas motivacionais de teatro e o trabalho com empregada doméstica. Sua solidão não vem da falta de família, mas da ausência de parentes que optaram por se manter distante, o que faz o sentimento ser ainda mais aterrador.
Embora não seja um filme que agrade a todos, a beleza do longa é inegável. Em um ensaio de solidão e silêncio, Pallaoro monta um filme com uma fotografia que atrai, mas não acolhe, tamanha a frieza dos cenários. Mas o grande destaque é a interpretação de Charlotte Rampling, que levou a Taça Volpi, como melhor atriz em Veneza.
Pallaoro segue seu ritmo. Através do minimalismo ele vai além de um drama comum e transforma sua personagem em um enigma que precisamos decifrar. Dá para entender o desinteresse de alguns expectadores, tanto silêncio transforma o filme em algo maçante. Mas aqueles que seguirem firmes, vão se deparar com um final inevitável, até esperado, mas que ainda causa impacto.
Eu assisti esse filme no Centro Cultural de São Paulo sábado. Quando acabou eu não soube o que sentir, mas depois que pensei em toda a história, fiquei admirada com tamanha força Hannah tem. Quanta tristeza ela aguentou sozinha e calada. É um filme difícil de absorver, mas ao mesmo tempo é muito bom!
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