terça-feira, 25 de setembro de 2018

Na Própria Pele - O Caso de Stefano Cucchi (Sulla Mia Pelle, 2018)


Embora tenha o entretenimento como base, o cinema nem sempre se resume a isso. Na Própria Pele - O Caso De Stafano Cucchi, do diretor Roman Alessio Cremonin, mostra isso. Acompanhando os últimos dias de Cucchi, o filme mostra a falta de preparo de policiais que, muitas vezes, usam o poder que lhes é fornecido, para reprimir o cidadão. E acredite, isso não acontece apenas no Brasil.

A narrativa se trata da história real de Stefano Cucchi. Aos 33 anos, depois de deixar uma clínica de reabilitação, ele tenta seguir em frente. Mesmo não tendo deixado as drogas totalmente, ele trabalha com seu pai e passa a maior parte do tempo com sua família. Certa noite decide passar um tempo com seu amigo, onde faz uso de drogas ilícitas. Quando abordado por policiais, a história começa a piorar, mas a situação chega ao ápice quando chegam dois investigadores. Depois disso, nada mais acontece como deveria.

Cremonin constrói quase um documentário. É certo dizer que nem tudo aconteceu conforme o que se mostra no filme, já que fica claro que nem os familiares conseguiram ver Stefano antes de sua morte. Mas a atuação de Alessandro Borghi é tão intensa que conseguimos captar a essência do que pode ter acontecido.  A câmera ajuda. Os enquadramentos e aproximações fazem parecer que ali havia um espião, flagrando cada injustiça sofrida por Cucchi. Mostrando que todo esse papo de "reabilitar o indivíduo a sociedade" não passa de hipocrisia, por parte do sistema policial.

Foi preciso certo cuidado por parte de Roman Alessio Cremonin, pois o fato ainda gera debates na Itália. Mas ele executa bem seu trabalho, sem exageros. Embora pareça faltar uma cena ou outra - como mostrar as agressões acontecendo -, acredito que o filme perderia muito sua credibilidade se isso fosse mostrado, seria só mais um. No fim, vemos mais uma vez o cinema ir além do entretenimento. Usando sua mágica para denunciar, não sendo apenas aquele "circo"  que os modernos "imperadores" nos oferecem.

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