sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Boi Neon (2015)


Em 2015, Boi Neon fez barulho. O filme, escrito e dirigido por Gabriel Mascaro, narra a história de Iremar, um rapaz que trabalha nas vaquejadas, mas almeja trabalhar na indústria têxtil, como estilista. 

Iremar (uma excelente atuação de Juliano Cazarré) é responsável por preparar os bois para a vaquejada, mas em seu tempo livre trabalha no seu sonho, criar modelos de roupas. Sua vida é percorrer por Pernambuco, de evento em evento, é uma vida dura, mas o sonho é grande.

O grupo de atores é pequeno, mas representativo. Além de Cazarré, temos Maeve Jinkings (como Galega), Carlos Pessoa (Zé) para dar o tom de comédia, que quebra a monotonia da vida dos personagens, em um cinema com pessoas mais descontraídas vai ser comum ouvir gargalhadas quando ele estiver em cena. Personagens também importantes são Vinícius de Oliveira (Júnior) e Alyne Santana (Cacá), que dão mais pluralidade ao elenco.

Cada personagem mostra a ousadia de Gabriel Mascaro. Não é só Iremar que foge do senso comum. Galega é uma mulher forte, motorista e mecânica de seu caminhão. A pequena Cacá é a criança que precisa crescer nesse cenário rigoroso, sempre sonhando em ter um cavalo, mas com poucas possibilidades disso acontecer. Já Júnior, mostra a vaidade de um homem, mesmo ali naquele ambiente tão rústico. A interação entre eles mostra a diversidade que quebra paradigmas, fazendo com que cada personagem seja rico em sua própria história.

A fotografia, de Diego Garcia, estabelece uma estética crua, que explora a beleza árida do nordeste de maneira singular. Embora muito bonito, o cenário não promete nenhuma melhora aos personagens e cada cena limitada dentro da caçamba do caminhão, levanta a questão se o Boi Neon é aquele que aparece uma única vez na vaquejada, ou Iremar, que não leva uma vida tão diferente do animal.

O filme tem lá seus problemas, embora nada tão grave. Algumas cenas se estendem além do necessário, nada que influencie positivo ou negativamente a história, mas se torna cansativo. Algumas dessas cenas poderia ser mais trabalhadas, usando mais recursos filmicos, para que mesmo pesada, ficasse mais impactante.

Mas, como eu disse, isso não atrapalha a história de Gabriel Mascaro, que através de Boi Neon quebra arquétipos e, com bastante ousadia, nos apresente uma produção singular no mercado cinematográfico brasileiro.

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