Vencedor do Festival Internacional de Cinema Avanca de 2016
(Portugal) e escolhido para representar a Sérvia no Oscar de Filme Estrangeiro,
Enclave é escrito e dirigido pelo sérvio Goran Radovanovic. O filme explora a
situação de um enclave (território com distinções políticas dentro dos limites
de um outro território) Sérvio na Polônia. O diretor procura mostrar os
resquícios de uma guerra política que atinge pessoas que não escolheram
participar delas, tão pouco entendem seus motivos.
Com apenas 10 anos, Nenad precisa ir a escola em um carro
blindado do exército. Esse é o resultado do Guerra do Kosovo, conflito entre as
forças sérvias, iugoslavas e Exército de Libertação de Kosovo. Mesmo cinco anos
após o fim do confronto, Nenad e sua família precisam lidar com os fragmentos
que não foram esquecidos. Só que ele queria era um amigo para brincar, mas
acaba entrando em uma aventura na linha inimiga para que seu avô consiga um
enterro decente.
O apelo de Radovanovic é mostrar o estado das coisas através
dos olhos de uma criança. Nesse caso, temos uma surpresa com a atuação de Filip
Subaric (Nenad), embora jovem, ele consegue transmitir toda a aflição causada
pelos problemas que sobraram da guerra. Outra brilhante atuação é a de Denis
Muric, o possível antagonista Baskim. Seu olhar duro mostra a transformação que
uma criança pode ter devido a tantos problemas. Muric pode ser uma grande
promessa para o cinema, vale a pena acompanhar sua trajetória.
Outro ponto interessante do filme é a fotografia, do alemão
Axel Schneppat. A câmera sempre a espreita, mostrando os personagens agindo de
maneira contida, sempre com um cenário rico em beleza, mas pobre em outros
aspectos. Embalando cada cena, segue uma trilha sonora notável, dando uma maior
imersão ao filme.
No fim a produção fica um pouco confusa, com um jogo de
cenas que misturam o presente e o passado, relatando uma amizade improvável.
Talvez o final não alcance a expectativa, ainda assim toda a trajetória de
Nenad nos mostra um pouco da situação de pessoas que vivem em uma certa
marginalidade, o que nos faz pensar na situação de muitas pessoas, estejam elas
na Sérvia, ou em qualquer outro lugar.
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