quarta-feira, 22 de abril de 2020

Cano Serrado (2019)


BIFF - É difícil produzir um filme de ação no Brasil. Embora o país conte com bons filmes que seguem esse ritmo (veja Bacurau como exemplo), não é algo atrelado ao cinema nacional. Mas Erik de Castro (mesmo diretor de Federal) arrisca e traz Cano Serrado, um policial que se encaixa no western brasileiro e desperta uma discussão sobre justiça em um lugar onde todos são vilões. Onde a verdadeira busca pelos culpados fica além do que é visto na tela e nos faz pensar, mesmo que pouco, sobre os caminhos que seguimos.

Luca (Jonathan Haagensen) é um policial da capital, ele e um amigo seguem em viagem ao interior escutando e com o intuito de participar de um grupo de orações. As coisas começam a acontecer quando param para jantar, onde logo depois são atacados pela guarda militar da região. O amigo de Luca morre no ataque, ele é levado como suspeito e deve confessar sua participação em um assalto no qual o caminhoneiro foi morto, caminhoneiro esse que é irmão do Sargento Sebastião (Rubens Caribé), da Guarda Militar.

O filme desperta algumas ideias. Como as injustiças que acontecem e o que as motivam. A atuação de policiais em cidades interioranas, como diz Sebastião "na nossa cidade quem manda é nóis". Mas o problema é que a história, também de Erik de Castro, não se aprofunda verdadeiramente em nenhum dos casos. O diretor aposta mais na ação, que existe e até nos deixa apreensivo, mas em diálogos soltos e forçados, faz faltar aquela sensação de imersão.

Cano Serrado possui seus méritos, Castro consegue esconder muita coisa para o momento adequado, que pode até surpreender. O que atrapalha são os diálogos forçados que deixam a sensação de ausência. Como se os personagens não estivessem realmente presentes na cena, quando o filme é montado com seus flashbacks conseguimos entender melhor a história, mas mesmo quando chega ao fim, ainda falta algumas coisas para que ela esteja realmente completa.

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