segunda-feira, 20 de abril de 2020

Pérolas no Mar (Hou lai de wo men, 2018)


Entrei em uma jornada pelo "cinema" oriental, e coloco aspas porque todos sabem que os cinemas estão fechados e o que nos resta, e agradeço por essa opção, é o famigerado streaming. O fato é que eu não poderia ter começado de melhor maneira. O que a diretora taiwanesa Rene Liu nos traz é de uma delicadeza desconcertante, aquela que quando o filme acaba nos encontramos sem chão, enquanto ao mesmo tempo estamos prontos para o que der e vier.

Pérolas no Mar começa nos apresentando para seu personagem central, Jian-qing (Boran Jing), o homem que aparentar ter tido sucesso na vida. Mas voltamos no tempo para ver a luta que foi chegar até lá, e a importância de um amor que começa de forma inesperada, com a típica personagem maluca e desastrada, aqui chamada de Xiao-Xiao (Dongyu Zhou). O encontro dos dois, agora adultos, os leva a uma viagem por memórias que marcaram a vida de ambos. 

As lembranças sempre retornam ao dia antes do ano novo chinês. Os primeiro encontro dos personagens acontece em um trem lotado, saindo de Pequim rumo a cidades interioranas. Jian ajuda Xiao com seu bilhete perdido e no fim, depois do trem parado devido a problemas na via, os dois acabam indo a pé para mesma cidade. A partir desse momento, se descobre muito sobre os dois. Jian quer desenvolver um jogo que o deixará rico e famoso, Xiao procura um marido mais velho e rico que possa lhe dar uma casa e livrá-la de preocupações. 

Nenhum dos dois conseguem atingir esse objetivo e por isso acabam juntos, sempre voltando a cidade natal para o ano novo chinês. Sendo esse o ponto central da trama, vemos a importância do pai de Jian-qing. Um senhor modesto e que possui um restaurante tão humilde quanto ele na cidade, onde é servida a refeição da virada de ano entre os amigos. A forma como os dois tratam o senhor é como vemos o desenvolvimento dos personagens em relação ao tempo e as escolhas que fazem durante ele. O roteiro de Rene Liu, Yu Pan e Yuan Yuan traz muitos clichês, mas é a sutileza que o diferencia e, claro, a estonteante fotografia de Ping Bin Lee.

A história nos dá um pontapé atrás do outro. Uma hora ele é quente e ficamos felizes com o andamento da história, mas de repente sentimos a frieza embalada por cenários escuros e gélido. Pérolas no Mar é um filme que merece mais atenção, não foi fácil chegar até ele. Talvez porque não seja assim tão novo e enfrenta a batalha constante de lançamentos da Netflix. Mas são quase duas horas de um excelente cinema e aqueles que decidirem se aventurar nessa narrativa, deve fazê-lo até o último segundo.

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