terça-feira, 20 de novembro de 2018

Café com Canela (2017)


Muitas vezes fazer algo simples pode ser mais difícil do que algo muito elaborado. No cinema, como fazer um filme simples ser bom? É um grande desafio. Mas Ary Rosa e Glenda Nicácio alcançam essa meta em seu longa de estréia, Café com Canela. O filme nos leva ao Recôncavo da Bahia para nos contar a história de uma mulher que, após perde o filho, se afasta do marido, amigos e carreira. 

Margarida, interpretada brilhantemente por Valdinéia Soriano, é esta mulher. Em flashbacks vemos um pouco da sua relação com seu filho a ponto de sentirmos a dor da sua perda. Sua auto-exclusão social promove um terror psicológico que começa a atrapalhá-la em suas ações. Em contra partida, temos Violeta, também em ótima atuação de Aline Brune, ex-aluna de Margarida, que ao encontrá-la por puro acaso, decide que sua missão é tirar sua antiga professora do exílio.

Acredito que o experimentalismo seja uma das características de Café com Canela. Hora pelo enquadramento das cenas, outrora pela montagem. Vemos que os dois diretores ousam criar algo diferente, que pode ser certeiro, mas tem lá seus riscos. O filme é solto, entre uma cena e outra vemos transições com paisagens que, embora bonitas, as vezes parecem desconexas. Mas ainda assim dá certo. É bonito ver o recôncavo baiano a partir da visão dos diretores. E todo o risco corrido vale a pena, já que foi trabalhado em cima de uma história bem amarrada que trafega entre a dor e a perda enfrentada por cada personagem a sua maneira.

Em sua totalidade, Café com Canela é um cinema feito por quem gosta de cinema. O diálogo das duas protagonistas sobre o assunto define bem isso. E ainda mais, mostra que através de filmes assim, simples e arriscados, podemos nos sentir mais próximos de cada história, e esperamos que essa dupla, Ary Rosa e Glenda Nicácio, nos tragam ainda mais.

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