terça-feira, 20 de novembro de 2018

O Insulto (Qadiyya raqm 23, 2017)



Filme libanês indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, O Insulto é roteirizado e dirigido por Ziad Doueiri. O filme traz à tona um debate político e social, que causa polêmica, mas não assume posições e, com isso, temos uma produção totalmente consciente e diferente do que normalmente nos é apresentado.

Tony é um mecânico libanês que costuma regar as plantas em sua varanda. Um dia, enquanto rega suas plantas, acaba molhando o palestino Yasser, que está trabalhando na regularização hidráulica em seu bairro. Devida a tensão da nacionalidade dos dois personagens, o acontecimento acaba tomando outras proporções que começa a ser resolvida no tribunal e, com o passar do tempo, atinge toda a cidade chegando perto de uma nova guerra civil.

A maior diferença de O Insulto é o fato dele não ser partidário. Em momento algum Doueiri apoia um ou outro personagem. Em dado momento, desejamos que a justiça seja a favor de Yasser, noutro, apoiamos Tony. Esse jogo do qual mudamos de lado com frequência transforma a história do filme em algo original, incomum, que nos traz pensamento mais amplos sobre a situação dessa briga entre nacionalidades diferentes.

Mas a qualidade dessa história vai além do roteiro e direção de Ziad Doueiri. As atuações de Adel Karam (Tony) e Kamel El Basha (Yasser) são excepcionais. Com o decorrer da história vamos percebendo que os dois personagens têm muito em comum. Com o tempo eles percebem a grandeza de sua disputa, que deixa os tribunais e tomam as ruas do Líbano, desencadeando conflitos e colocando suas seguranças em risco. Tudo isso acontece com atuações repletas de expressões, que muitas vezes descartam qualquer diálogo. Karam fala mais, enquanto Dasha apela para o gestual, mas ambos com precisão que transforma O Insulto em uma excelente obra.

Esse era um dos filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que me faltava assistir (o outro é Sem Amor (Loveless, de Andrey Zvyagintsev). Cada um que assisto -- ou reassisto -- fica mais difícil pensar qual deles merecia o prêmio. Certamente O Insulto mereceu ser indicado, não que o Oscar seja parâmetro para decidir se um filme é bom ou não, mas sem dúvidas é uma maneira de mostra que ele tem algo de especial. Nesse caso são muitas estrelas, duas delas se chamam Adel Karam e Kamel El Basha, que para mim transformam a produção em um trabalho ainda mais especial.

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