segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Umberto D (1952)


O neorrealismo foi um movimento importante para o cinema. Não só isso, foi uma forma encontrada para mostrar ao mundo a cotidiano de um povo após uma grande guerra. É isso que um do seus grandes mestres faz em Umberto D, filme em que Vittorio de Sica  conta as dificuldades de Umberto Domenico Ferrari, um servidor público aposentado que passa suas dificuldades em uma cidade desolada.

Umberto, aqui interpretado por Carlo Battisti, mora em um quarto de pensão, ao lado de Flik, seu cachorro. Logo no início Umberto se encontra em meio a um protesto onde um boa quantidade de aposentados lutam por reajuste de salário. Eles são dispersados pelas autoridades com o maior descaso, sem uma única tentativa de diálogo, uma visão quase futurista do diretos, que escreve o roteiro ao lado de Cesare Zavattini.

O que Umberto precisa é de dinheiro para pagar os alugueis atrasados. Quando Antônia, dona do estabelecimento, lança o ultimato, ou ele pagar o aluguel, ou será despejado, ele se vê em apuros. Procura ajuda entre os conhecidos, mas todos parecem estar na mesma situação. Maria (Maria-Pia Casilio), faxineira da pensão, é a única com quem ele consegue um pouco de contato. A jovem está grávida, tem medo de perder o emprego, então procura em Umberto conselhos que só uma pessoa já vivida poderia dar. 

Agora o protagonista está com essas duas situações a sua frente. Cogita pedir esmolas, como vê outrem fazer, mas precisa manter sua dignidade, que é uma das poucas coisas que lhe resta. Quem vive em uma cidade grande encontra muitos Umbertos no seu dia a dia, mostrando a atualidade do filme de De Sica. Ver um filme do diretor é entender a necessidade do cinema para a sociedade. Sua forma de filmar, com enquadramentos que aproximam os personagens, criando laços entre aqueles que precisam um do outro, é algo belo, mesmo diante de toda aquela tensão. Antônia, interpretada por Lina Gennari, é a única atriz profissional no filme e se torna odiosa como teria de ser. Já Battisti e Casilio são atores amadores, talvez em seus primeiros filmes, o que ajuda a dar mais realismo ao longa.

O cinema de Vittorio de Sica é essencial para quem gosta de cinema e uma peça importante para quem deseja fazer uma análise mais aprofundada da sociedade italiana pós Segunda Guerra Mundial. Isso ainda me lembra de Ladrões de Bicicleta (1948), outra obra prima do diretor, que talvez apareça por aqui um dia desses.

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