quinta-feira, 18 de julho de 2019

Divino Amor (2019)


Em 2027 o Brasil é um país onde a religião é o principal sistema político. Joana (Dira Paes) é uma das crentes que, trabalhando no cartório civil, é responsável por atender casais de desejam se divorciar. Seu papel, segundo seu próprio plano espiritual, é tentar recuperar esses casais e manter o valor da crença e da família brasileira. Seu desejo é sincero e para que isso aconteça, Joana encaminha os casais ao Divino Amor, uma espécie de seita religiosa que dá título ao filme. Sua credulidade se manifesta através de sua fé, mas também existe algumas atitudes estranhas imposta por sua religião, juntando isso ao desejo inalcançável de ser mãe, a protagonista embarca em uma jornada de amor e fé.

Olhando para o momento em que nos encontramos, onde temos "o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", Divino Amor passa de ser uma ideia distópica para se torna um temido futuro. O filme do diretor e roteirista Gabriel Mascaro traz um história interessante, mas executado de uma forma tão sutil que deixa a produção pouco atrativa. Desde o início uma criança que narra e explica alguns momentos em off nos dá um panorama do que o Brasil em 2027. O carnaval foi deixado de lado e substituído por uma balada religiosa. Enquanto orações mais corriqueiras podem ser feitas em um drive thru. Enquanto isso, toda a população vive a espera só retorno do Messias, embora não estejam preparados para isso. O mistério em torno da personagem de Dira Paes está montado, mas peca em alguns momentos.

Quando assisti Boi Neon fiquei surpreso com a qualidade do que foi feito por Mascaro. Mas a cena de sexo entre o Iremar e Geise foi de um certo exagero. Isso se repete de forma mais contundente, quase apelativo, em Divino Amor. Mas vamos ao início. A "igreja" frequentada por Joana e seu marido tem um "ritual" onde dois casais vão a um quarto e participam de uma espécie de swing, não por prazer, mas pelo sentimento de compartilhamento. A ideia é interessante, mostrando até onde vai a fervorosa crença na religião. Porém, a execução é exagerada, exibindo longas cenas que entregam tanto, que pouco deixa para a interpretação do espectador.

Embora Gabriel Mascaro tenha começado a escrever Divino Amor há 4 anos, o filme não poderia ser mais atual e por isso se torna tão importante. Talvez o baixo orçamento o tenha prejudicado um pouco, mas as falhas que apontei são apenas uma questão de percepção, não gostei de algumas coisas, mas isso não tira o mérito da história forte montada pelo diretor, que merece ser vista no cinema.

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