quinta-feira, 11 de junho de 2020

Nóis Por Nóis (2020)


Aly Muritiba é o cineasta incansável, sempre trabalhando para o cinema ou TV. Suas experiências de vida, tendo trabalhado como carcereiro, sempre o levam a um lugar comum, as zonas periféricas que sofrem com o descaso e desrespeito. Em Nóis Por Nóis - co-dirigido por Jandir Santin - vemos a história de quatro jovens da Vila Sabará, em Curitiba, que têm seus destinos selados após uma confusão na festa organizada pela comunidade.

Os atores selecionados por Muritiba e Santin são amadores e residem próximos a Vila Sabará, jovens que participam do movimento negro e do rap na cidade, o que ajudou em muito no desenvolvimento do roteiro. Após a confusão na festa, os amigos se separam, porém, no dia seguinte Café (Matheus Correa) está desaparecido, aparentemente decorrente a briga que houve no dia anterior. Assim como em “Ferrugem” Muritiba aproveita a tecnologia que está atrelada a juventude de hoje. O caso é que Café gravava e reproduzia, nas redes, a ação abusiva de policiais na Vila Sabará e por isso sempre era alvo deles. A resposta está em seu celular, mas chegar a ela leva Mari (Ma Ry, rapper local), Shat (Felipe Shat) e Japa (Matheus Moura) em uma jornada de luta social e autoconhecimento.

As coisas vão acontecendo aos poucos. Não temos só o desaparecimento de Café como problemas a serem resolvidos. Cada personagem tem seus problemas pessoais. Enquanto Mari precisa ajudar a cuidar de seu pai invalido, Japa vive junto com Nando (Luiz Bertazzo, ator profissional), que atrai os jovens para a cena criminosa da periferia, e precisa se afastar dele ao mesmo tempo em que precisa de sua ajuda. E Shat descobre que sua namorada, Jana (Stephany Fernandes) está grávida e precisa de dinheiro para o aborto, mesmo que está decisão esteja além de seu controle.

Nóis Por Nóis traz uma trama bem elaborada. O mais interessante é a amplitude com que os diretores abordam assuntos que estão presentes na periferia. Não é só o abuso policial que está tão presente na história, mas a dificuldade dos personagens em suas vidas pessoais e o processo de aprendizagem que faz com que eles vejam que se não se levantarem contra essas injustiças, ninguém fará isso por eles. O filme em questão é mais uma grande obra do imparável Aly Muritiba (que já vem trabalhando em Aeroporto Central e Jesus Kid) e que traz seu ex-aluno, Jandir Santin, em grande estreia no cinema e com potencial para voar tão alto quanto seu professor.



2 comentários:

  1. Parece um filme interessante mesmo
    ☺ eu vejo varios tipos de filmes e as vezes alguns trazem coisas bem reais pra refleti eu acho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acredito que esse seja um dos papéis do cinema e Nóis Por Nóis faz isso, mostrando o que acontece além do alcance da TV.

      Muito obrigado!

      Excluir