terça-feira, 9 de julho de 2019

A Árvore dos Frutos Selvagens (Ahlat Ağacı, 2019)


Sinan (Doğu Demirkol) é um professor recém formado que está de volta a sua cidade natal. Seu próximo objetivo é se tornar um grande escritor e esse retorno ao vilarejo em que nasceu promete atrapalhar seus planos. Seu pai acumula dividas com apostas em cavalos, diante disso sua família não pode ajudá-lo com a publicação de seu livro. Além disso, precisa, vez ou outra, ajudar no desenvolvimento de uma fazenda sonhada por seu pai. Seu jeito arrogante de idealista recém formado não o ajuda em conseguir patrocínio, mas no fim, ele finalmente atinge seu objetivo, mas o que fará depois?

A Árvore dos Frutos Selvagens desapontou alguns críticos em Cannes. Diz-se que ainda na primeira metade, muitos deles deixaram a sala. Como eu sempre digo, existe um grande problema em um filme muito autoral, ou ele agrada, ou não. Não existe uma área cinza para esse tipo de filme, é preto ou branco. Mas essa é uma característica do diretor e roteirista Nuri Bilge Ceylan. Cenas longas, diálogos bem explicados (longos) e uso extenso da paisagem.

Mas não deixa de ser um problema. O filme conta com mais de 180 minutos, metade deles desnecessários. Algumas vezes é interessante, como na cena em que Sinan discute com outros dois moradores sobre o Alcorão, mas na maior parte do tempo as extensões das cenas se tornam cansativas.

Porém, se esse é o pecado de Ceylan, ele compensa com um enquadramento fundamental para contar sua história. História essa que explora muito bem o desenvolvimento de uma pessoa que nasce e vive em um pequeno vilarejo. Sua jornada de descobrimento que questiona o que ele gostaria e o que precisa fazer e a decisão tomada diante disso. O interessante dessa jornada de Sinan é o modo como ele vai descobrindo o que é e tudo o que o leva a aceitar isso. Sempre com uma fotografia que por vezes se mostra meio desconsertante, mas na maioria do tempo, cirúrgica.

Nuri Bilge Ceylan é rígido como já era de se esperar, mas também dá espaço para o cômico e crítico. Explorando uma história bem autoral, ele parte com uma produção que poderia ser um pouco mais curta, menos cansativa, mas que se o fizesse, perderia sua personalidade. A Árvore dos Frutos Selvagens é um bom filme, claro que é preciso ir disposto a ver um filme longo e arrastado, tendo isso, será uma ótima experiência do cinema turco.

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