quarta-feira, 3 de julho de 2019

Nunca Deixe de Lembrar (Werk Ohne Autor, 2019)


Ainda hoje nazismo é um dos temas que mais vendem no mercado. Filmes, revistas e livros são produzidos frequentemente. Logo, o mais difícil para qualquer produtor artístico é encontrar uma forma de ambientar sua narrativa nesse momento da história de forma diferente e original. Isso foi feito pelo diretor e roteirista Florian von Donnersmarck, que em Nunca Deixe de Lembrar examina os fragmentos restantes das Segunda Guerra Mundial em uma família que foi fortemente atingida.

Inspirado no pintor Gerhard Richter, Donnersmarck nos apresenta Kurt Barnert ainda pequeno, durante o período nazista na Alemanha. O sistema ditatorial tira muito de sua família. O emprego de seu pai, o apartamento na cidade, as chances de uma vida digna. Mas o maior golpe acontece quando sua tia é levada devido aos seus leves problemas mentais. Em um ambiente onde a arte era vista como um ato de rebeldia e subversão, era ela quem incentivava seu sobrinho, que carregava um dom nas mãos. Anos depois, já na escola de arte, Kurt se apaixona por Ellie Seeband, filha do professor Carl Seeband, um importante médico no período nazista e que não aceita facilmente a união dos dois. Agindo pelas escuras, o Professor tenta sabotar o relacionamento, mas falha e talvez essa união seja uma das coisas mais bonitas de todo o filme. No decorrer da história, a intromissão do Professor Seeband causa diversos problemas a Kurt e Ellie, mas em momento algum eles cogitam viver vidas separadas. O relacionamento chama a atenção por sua força e insistência, superando qualquer adversidade.

Em muitas entrevistas, o diretor Donnersmarck ressaltou a importância de rever esse tipo de acontecimento e aprender, principalmente no momento em que nos encontramos. E talvez esse seja um dos grandes méritos de Nunca Deixe de Lembrar. O roteiro é bem amarrado e é complementado pela excelente fotografia de Caleb Deschanel e espetacular trilha sonora de Max Richter, transformando a produção em uma verdadeira obra prima.

As atuações também se fazem precisas, com Cai Cohrs e Tom Schilling como o Kurt pequeno e adulto, respectivamente. E gostei muito de Sebastian Koch interpretando o Professor Seeband, com toda a frieza de um militar nazista. O filme foi indicado nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Fotografia, infelizmente não levou nenhum dos prêmios, mas não me surpreenderia se o fizesse.

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