terça-feira, 16 de julho de 2019

Dor e Glória (Dolor y Gloria, 2019)


Salvador Mallo (Antonio Banderas) é um cineasta que devido a problemas graves de saúde encerrou suas atividades. Quando a cinemateca de Madri o convida para apresentar a versão restaurada de Sabor, um de seus filmes de maior sucesso, Salvador passa a revisitar alguns momentos da sua vida, questionando algumas de suas decisões e buscando algo que dê sentido ao seu novo estado.

Ainda lembro de quando assisti A Pele Que Habito (2011), o primeiro filme de Pedro Almodóvar que vi no cinema, com devida atenção. Pode-se dizer que Dor e Glória é muito de quem é Almodóvar. Salvador Mallo enfrenta uma crise sobre sua existência no cinema, sua vida como homossexual e a dependência de drogas. Tais fatores trazem uma história intimista, explorada de maneira que só o próprio diretor poderia fazer. Quando falar de si pode ser um problema a ser enfrentado, o cineasta espanhol o faz com formidável beleza.

Porém, em diversas entrevistas Almodóvar afirma não se tratar de um filme autobiográfico. Quer acredite, ou não, não se pode negar as semelhanças entre o personagem interpretado por Banderas e o próprio diretor. Além de toda a trajetória explorada no filme. Claro que alguns acontecimentos são pura ficção, isso é sempre necessário em uma produção cinematográfica, mas qual a distância do real para o inventado? Essa é a questão que deixa Dor e Glória ainda mais atraente.

Gostei de ver Almodóvar dirigindo Antonio Banderas mais uma vez, é uma coisa que funciona muito bem. O trabalho do ator é sempre singular, se encaixando perfeitamente com a genialidade do diretor. Diante de uma fotografia primorosa e uma excelente paleta de cores, se Dor e Glória não é uma autobiografia do diretor, desejamos vigorosamente que o fosse.

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