quinta-feira, 4 de julho de 2019

Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos (2016)


Vitório (Edson Celulari) é cego desde criança. Mas isso não o impediu de ser o pizzaiolo na pizzaria herdada de seu pai. Tão pouco em ter uma mulher, Clarice (Soledad Villamil), e filha, Alicia (Giovana Echeverria). Ele está satisfeito por ter superado todas as adversidades da cegueira, até que o pai de Clarice aparece com o filho de um amigo que pode curar essa falta de visão. Agora Vitório precisa entrar em conflito consigo e tomar uma decisão que pode ser a mais importante da sua vida.

Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos é escrito e dirigido por Paulo Nascimento, de quem eu já havia falado em Valsa Para Bruno Stein. Não lembro onde li, mas em algum livro dizia que um bom filme poderia ser feito em 90 minutos. Teu Mundo... tem esse tempo, mas precisava de muito mais. A apresentação de Vitório é excelente, promete boas emoções no decorrer da história, mas isso não acontece. Os dramas existem, mas são rasos, falta profundidade em todos os personagens. Clarice e Alicia estão deslocadas da vida do personagem de Celulari. E temos também o gaúcho Cleomar (interpretado por Leonardo Machado), que trabalha bem, mas não é ajudado pelo roteiro.

Se houvesse mais tempo para trabalhar cada personagem, teríamos uma história mais completa. Embora Alicia não demonstre nada de muito interessante, Clarice e Cleomar parecem ter um plano de fundo que deixaria a história mais emocionante. Não é que Celulari tenha atuado mal, fazia um bom tempo que não o via na tela e gostei muito do que assisti, mas assim como os outros personagens, faltou tato. Momentos de extrema euforia, com eles no estádio do Corinthians ou quando o time ganha o mundial de clubes, passa como um flerte de alegria, ocasiões pouco aproveitadas.

Sendo justo, Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos e um filme mediano. A produção traz seus momentos de emoção, mesmo que não muito aprofundados, e também suas graças. Mas a mensagem principal é passada, através de closes que aproximam o espectador dos personagens e afirmam a necessidade de se enxergar por dentro. E também o conflito entre deixar de ver, ou até mesmo desver, depois de tanto tempo em um mundo formado de ideias incertas das coisas. Um dos últimos trabalhos de Paulo Nascimento traz novamente ao elenco Giovana Echeverria e Leonardo Machado, dessa vez como protagonistas. A Superfície da Sombra pode explorar mais a qualidade desses atores, vai ser minha aposta para uma sessão futura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário